O POSTO DE TRABALHO DOS PILOTOS DE HELICÓPTERO NA PERSPECTIVA DA ERGONOMIA/FATORES HUMANOS

Resumo

O objetivo do projeto de pesquisa é proceder a análise sistemática da literatura sobre as estações de trabalho do piloto militar de asas rotativas no âmbito da ergonomia/fatores humanos. Preliminarmente, a proposta implicou no levantamento de dados sobre as queixas recorrentes desses profissionais, quanto às dores e sensação de desconforto, considerando-se a multiplicidade de fatores envolvidos como, por exemplo, a sobrecarga mental, os padrões de postura corporal na posição sentada, o design do assento da aeronave, a vibração da cabine, os dados antropométricos do piloto, dentre outros. Trata-se de tópico de pesquisa de alta relevância, cuja meta se constitui na humanização do posto de trabalho em foco, no que se refere aos processos cognitivos avaliados durante a execução de tarefas, assim como aspectos observados da biomecânica ocupacional. Em se tratando da cognição humana, os dezenove autores revisados abordam os níveis de atenção da tripulação, tomadas de decisão, memória e tempo de reação, também denominado planejamento, o que demonstra interesse pelo assunto e também por respostas prontas e imediatas. Os resultados das pesquisas sugerem uma recorrente queixa de lombalgia, por parte dos pilotos de helicóptero, o que possivelmente contribui para o grau de desempenho físico e cognitivo desses militares, durante a jornada de trabalho e no cotidiano da vida diária. A discussão dos resultados evolui então para alternativas de solução do impasse, nas questões de automação dos sistemas complexos e mesmo nas relações que se estabelecem no sistema homem-máquina, em nível psicológico e comportamental do piloto, na perspectiva da Psicologia aplicada à Aviação. São pelo menos três os focos de preocupação dos especialistas: os processos cognitivos envolvidos na tarefa de pilotar uma aeronave, a presença álgica na posição sentada e a segurança de voo como um todo. Conforme relatórios produzidos pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), no período 2002-2012, ocorreram, em média, aproximadamente 16 acidentes de helicóptero por ano. Esses números estatísticos destacam o aspecto psicológico como o quarto fator contribuinte para tais acidentes, por volta de 40% do total. Por fim, os autores descartam a pretensão de esgotamento do tema e sugerem a necessidade de aprofundamento de estudos. A meta é auxiliar a Força Aérea Brasileira a incorporar os conceitos da disciplina ergonomia no sentido da humanização do posto de trabalho do piloto de asas rotativas e dos demais profissionais da corporação.