Análise Comparativa Entre o Padrão de Instrução Multimotor ANAC e FAA e as Consequências Para a Operação Aérea

Gabriel Fuga Ferreira, Vitor Gamba dos Santos

Resumo


O objetivo geral deste trabalho é apresentar as diferenças entre o padrão de instrução multimotor terrestre aplicado no Brasil e nos Estados Unidos da América, evidenciando a deficiência do padrão adotado pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), quando comparado ao padrão FAA (Federal Aviation Administration), buscando contribuir com o aumento da segurança operacional de bimotores, que são o foco deste artigo, na fase de instrução e as consequências nas operações rotineiras. O documento padronizando o treinamento MLTE (Multimotores Terrestres) nos EUA descreve o que deve ser executado em teste pelo piloto, deixando claro as condições, o nível de proficiência na manobra, as margens e parâmetros a serem avaliados nas 46 tarefas exigidas do piloto aluno, divididas em 11 subpartes, para a concessão de habilitação MLTE, ao contrário do Brasil, que possui apenas um item exclusivo ao treinamento de multimotores nas Fichas de Avaliação de Pilotos (FAP) contidas na Instrução Suplementar IS 00-002B e dois outros descritos nas manobras da IS00-002B, não estando estes, separados das manobras MNTE (Monomotores Terrestres). A partir daí, é feita a comparação entre os documentos vigentes de ambos os órgãos, ressaltando a complexidade e o detalhamento do programa aplicado pela FAA e o arquivamento dos processos de homologação de cursos MLTE no Brasil. Foram também analisados os acidentes e incidentes de multimotores ocorridos no Brasil, em que a falta de padronização da instrução deixa em aberto uma condição no treinamento, que pode ter levado à um dos fatores contribuintes daquela ocorrência aeronáutica, apresentados por meio de dados estatísticos levantados a partir da análise dos Relatórios Finais (RF) do CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), sendo que, para a coleta desses dados, foram filtrados no RAB (Registro Aeronáutico Brasileiro) todos os modelos atualmente presentes na classe MLTE, bem como, os que já foram incluídos na emenda 06 do RBAC (Regulamento Brasileiro da Aviação Civil) 61. Ao final deste artigo, será possível notar que existem menos exigências no padrão ANAC, se comparado com o padrão FAA, que demanda mais preparo do piloto aluno, tanto em conhecimento teórico quanto prático, o que acaba influenciando a probabilidade de haver um ou mais fatores contribuintes para uma ocorrência aeronáutica.

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ISSN: 2176-7777
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