Perigos Relacionados ao Transporte de Baterias de Metal e Íons de Lítio em Aeronaves de Passageiros e de Carga
Resumo
Frente aos inúmeros incidentes ocorridos nos últimos anos relacionados ao transporte aéreo de baterias de lítio, as Autoridades de Aviação Civil, a Organização da Aviação Civil Internacional - OACI, juntamente com fabricantes de aeronaves, operadores aéreos, fabricantes de baterias, associação internacional de pilotos e Associação Internacional de Transporte Aéreo - IATA, têm se reunido em busca de uma solução na contenção dos riscos associados ao transporte de células/baterias de lítio na segurança de voo (ocorrência de explosão, emissão de eletrólitos, vapores superaquecidos, gases inflamáveis, fumaça toxica, temperatura de queima elevada, entre outros.). Após diversos testes e análises sobre o comportamento dessas células/baterias verificou-se que ocorrência de um evento de falha com o sobreaquecimento (“Thermal Runaway”) das mesmas, em uma aeronave, segundo o critério de classificação de Risco descrito no Manual de Gerenciamento de Risco da ICAO, SMM, Doc 9859, é em termos de probabilidade/severidade, de frequência ocasional e consequência catastrófica, o que é inaceitável do ponto de vista da segurança da aviação. A falha simples de uma única célula/bateria, (item não relacionado ao projeto da aeronave e sua operação) pode desencadear eventos em série que têm alta chance de evoluir para um evento catastrófico, visto que todos os sistemas de supressão de fogo atualmente existentes nas aeronaves certificadas não são capazes de conter o fogo gerado por células/baterias de metais/íons de lítio em caso de superaquecimento ocasionado por defeitos de fabricação, mal funcionamento ou fogo externo envolvendo as mesmas. Não existe uma segunda linha de proteção, há apenas o sistema interno da própria célula/bateria. As embalagens padrão ONU atualmente empregadas e especificadas para o transporte deste tipo de material são ineficientes na contenção do risco em caso de fogo, geração de gases tóxicos e atmosfera explosiva (quando confinadas), que são eventos decorrente da sua falha. Fato este, que levou em 2015, ao banimento/proibição do transporte de células e baterias de metal de lítio e em 2016 a proibição se estendeu para as de íons de lítio quando transportadas isoladamente (não instaladas em equipamentos) em aeronaves de passageiro. Este artigo visa apresentar os principais riscos conhecidos associados ao transporte de células/baterias de lítio, assim como alguns dos estudos que têm sido realizados para mitigação dos riscos em vários níveis pela combinação de barreiras de proteção, que envolvem ações mitigatórias: no sistema de supressão de fogo da aeronave, no projeto das baterias e nas embalagens, para que seja possível estabelecer um nível aceitável de segurança no transporte de células/baterias de lítio.
Palavras-chave
Célula. Bateria. Lítio. Estado de Carga. Fogo. Sobreaquecimento. Fuga Térmica. Risco.
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ISSN: 2176-7777