CONCORDÂNCIA ENTRE A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E PSIQUIÁTRICA DE CANDIDATOS A PILOTO PRIVADO NA JUNTA DE SAÚDE DO HOSPITAL DE AERONÁUTICA DE SÃO PAULO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES

Resumo

Segundo o Regulamento Brasileiro da Aviação Civil – RBAC 67 -  de 2011, as avaliações psicológicas devem subsidiar todos os exames de saúde periciais, sendo o objetivo final pretendido pelo exame o de avaliar pessoas com capacidade atual ou potencial para executar corretamente uma função determinada, integrar-se satisfatoriamente a um grupo determinado e preservar a segurança e eficiência da operação aérea. Além da avaliação psicológica, o psiquiatra deve emitir parecer em todos os exames periciais iniciais, pós-acidente, pós-incidente grave, ou quando solicitado por outro profissional de saúde. Com base no exposto este trabalho procurou analisar a relação entre a avaliação psicológica e a psiquiátria dos candidatos iniciais a Piloto Privado, no período de janeiro a julho de 2011 que passaram pela Inspeção de Saúde no Hospital de Aeronáutica de São Paulo para obtenção do Certificado Médico Aeronáutico. Foram analisados quantitativa e qualitativamente, a partir de 303 laudos, os seguintes dados: sexo, idade, desempenho no teste de atenção concentrada, avaliação psicológica da personalidade, avaliação e parecer psiquiátrico. Os resultados apontaram que a maioria absoluta dos candidatos a PP são do sexo masculino (96%), com idade entre 17 e 31 anos (77%). Uma taxa de 27% obtiveram desempenho insuficiente ou ruim no teste de atenção concentrada, enquanto 73% obtiveram resultado médio, bom ou muito bom. No tocante a personalidade, na avaliação da psicologia,  33% não apresentaram alteração, já 67% sim, entre as principais alterações avaliadas temos ansiedade e agressividade exacerbadas, imaturidade, impulsividade, dificuldade na socialização e no contato com a realidade. Em contrapartida, na avaliação da psiquiatria pode-se notar que 85% dos candidatos obtiveram parecer final favorável e 15% desfavorável, sendo o CID F60.8 mais incidente (Outros Transtornos Específicos da Personalidade).    Conclui-se que a avaliação psicológica diverge da avaliação psiquiátrica principalmente no que diz respeito às percepções referentes à personalidade dos candidatos. Tal divergência deve ocorrer devido a subjetividade do constructo em questão e da peculiaridade da entrevista psiquiátrica, na qual o contato face a face com o candidato permite um exame do estado mental deste mais apurado. No entanto, quando a avaliação psiquiátrica culmina num parecer desfavorável, nota-se simetria com a avaliação psicológica, que aponta dados relevantes a serem considerados.